quinta-feira, 31 de março de 2011

O preço do poema

            
             I


Quanto vale o poema:
- nas frentes de batalha
- nas perdas irreparáveis
- na solidão que a alma talha?

Quanto vale o poema:
- aos nossos filhos drogados
- aos órfãos do destino
- aos desenganados?

O poema faz seu preço
ou o preço do poema
pelo tamanho da fome
é estipulado?

Quanto vale o poema:
- nas filas dos hospitais
- nas mutilações dos sonhos
- nas nossas guerras pessoais?

Quanto vale o poema:
- aos idosos desrespeitados
- às minorias esquecidas
- aos amantes desregrados?

O poema faz seu preço
ou deveras
estou enganado?


          

               II



Quanto nos cobra o poema:
 - por uma sinfonia de metáforas
 - por uma visitação à alma
 - por um deslumbre de voos?

Ou desapegado da matéria
doa-nos, ele, complacente
as suas inefáveis asas?


O preço do poema, senhores
é o poeta quem paga!












    








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