domingo, 16 de dezembro de 2012

CASA

Os retratos
guardam e vigiam
os teus passos,

e os gritos das crianças
correndo desenfreadas
em suas paredes ficaram registrados.

No vasto avarandado
as mesmas redes descansam
sob a prosa do crepúsculo
e janelas de um tempo adormecido
espiam um quintal lúdico
e seus arrabaldes...

E a solidão dos dias frios e chuvosos
sempre será compartilhada
por mãos trêmulas
que bordam agasalhos
suspiram saudades...


MÁRIO MASSARI
"Achados e guardados" - 2002
Tela: "Mulher costura na frente de sua casa", de Claude Joseph Bail (1862-1921)
 
 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

LANÇAMENTO

ANTECEDENTES POSTAIS - diários de naufrágios

Dia 30 de agosto, às 19:30 horas
Biblioteca Municipal Dr. Antonio Furlan Jr.
Rua Aprígio de Araújo - 1102
Centro - Sertãozinho - SP

"Preferiu ser espaço
A árvore.

Não nascera para
Sombrear vertigens.

             Mário Massari"

terça-feira, 1 de maio de 2012

CIGARRAS

Elas sempre fascinaram-me. Mas a minha admiração por esses seres cresceu ao conhecer o ciclo de vida.
Após o acasalamento o macho morre e a fêmea, após a postura dos ovos, também. Os ovos eclodem e os insetos jovens (ou ninfas) caem no chão e entram na terra onde vivem de 01 a 17 anos (depende da espécie) se alimentando da seiva de raízes. Isso mesmo: de 01 a 17 anos. Depois desse período elas cavam túneis, sobem nas árvores e sofrem uma metamorfose, a ecdise, tornando-se adultas e prontas para o acasalamento.
Já escrevi um conto sobre o tema “Antes que cheguem as cigarras” e um poema “Cristais” – presente no meu livro Beirais – 2007, que publico a seguir:


CRISTAIS

Anunciam com a chegada
O novo ciclo
Parodiando cristais
Tripudiando os moucos ouvidos
De desatentos ouvintes.

Não desafinam
E nem sequer se importam
Com a fama indevida
De boêmias incorrigíveis.

Antes, os críticos desdenham
Com a sinfonia que lança por terra
As intransponíveis muralhas
Dos que simulam indiferença.

E avessas ao silêncio
Cantam as cigarras o fado
Num agradecimento ao Supremo
Pelo muito que lhes é dado.